Diz-se que foi o filósofo suíço-francês Jean-Jacques Rousseau, no princípio do século XVIII, que descobriu o que se tornou mais tarde a musicoterapia. Quase na mesma altura, o músico francês André Modeste Grétry observou que a rapidez das suas pulsações variava segundo os compassos mais ou menos rápidos dos cânticos que compunha, modificando-se essa velocidade, em função do compasso musical, no mesmo sentido das suas pulsações. As experiências sobre os estímulos sonoros desenvolveram-se em finais do século XIX e têm-se multiplicado desde então, daí decorrendo diferentes tendências, que se encontram divididas em duas principais: estudos sobre processos fisiológicos e estudos sobre relatos verbais.
A Musicoterapia existe em França há mais de trinta anos, praticamente desde que foi criada, pelo Benenzonk na Argentina. Com duas orientações: a chamada receptiva, ou passiva, que consiste em ouvir o paciente, e a chamada activa, quase não verbal, que põe em acção sonora o paciente. Sonora, pois, porque utiliza todos os sons possíveis: os sons involuntários do nosso corpo (sons da barriga etc…), os sons que fazemos voluntariamente com o nosso corpo (bater as palmas, etc…), os sons que nos rodeiam (na sala, na rua, na natureza, no prédio, no comboio etc…). Sonora, pois não é preciso saber tocar música ou cantar afinadamente para poder usufruir dos benfazeres dos sons! Porque podemos usufruir da música e dos cantos que fazemos sem ser músicos.
Os precursores franceses, do fim dos anos 60, chamam-se Jost, Edith Lecourt (criou na Faculdade da Sorbonne um curso de musicoterapia, com doutoramento) e Gérard Ducourneau (com o qual Joelle Ghazarian estudou).
Os princípios do método do Ducourneau 1) (e não só!) são sinteticamente os seguintes:
- Estabelecer uma relação não intrusiva é o primeiro tempo necessário para que se instaure uma musicoterapia. A musicoterapia, que se inscreve numa interdisciplinaridade, trata de ajudar, mas sem prejudicar;
- Criar, renovar , reequilibrar, dar luz ao desejo de viver;
- Abrir os canais de comunicação: partilhar, ouvir, comunicar, exprimir as emoções, desbloquear-se, relacionar-se;
- Aderir, não sofrer, não se esforçar: encontrar o elan interior, motor vital;
- Ter prazeres;
- O objectivo, nem sempre atingível, é: conseguir um dia exprimir-nos verbalmente com precisão e duma maneira aliviadora.
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