27 dezembro 2009

BALADA da NEVE


De Augusto Gil

Batem leve levemente
Como quem chama por mim
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim

É talvez a ventania
Mas há pouco, há poucochinho
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
Dos pinheiros do caminho...

Quem bate assim, levemente
Com tão estranha leveza
Que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
Nem é vento com certeza

Fui ver. A neve caía
Do azul cinzento do céu
Branca e leve, branca e fria...
- Há tanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho,
Passa gente e, quando passa,
Os passos imprime e traça
Na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança,
E noto, por entre os mais,
Os traços miniaturais
Duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
A neve deixa ainda vê-los,
Primeiro, bem definidos,
Depois, em sulcos compridos,
Porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa,
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.

Porque é sempre bom recordar...
Carla e Nuno

2 comentários:

  1. Olá Rute!

    Nós estávamos do outro lado da máquina :) Portanto, se tiveres amigos que se vão casar e quiserem uma sessão fotográfica original e especial, eles que falem connosco.

    Casamentos e fotos fora do comum é connosco!

    Nesta foto voava esferovite que parecia neve, mas o calor de Junho não nos fazia enganar que estávamos em pleno Verão!

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